O projeto situa-se na cidade de Tavira, conhecida pelo seu centro histórico, que possui vários vestígios romanos, visigodos e muçulmanos. Ao longo dos anos, a cidade tem conseguido preservar e melhorar a qualidade arquitetónica e patrimonial do seu território. Existe um grande cuidado na preservação do património edificado, sobretudo ao nível do centro histórico, contaminando algumas diretrizes para as áreas de expansão da cidade: O lote em causa localiza-se num loteamento situado na margem nascente do rio Séqua, que representa uma das primeiras faixas de expansão de Tavira. A aprovação do loteamento em causa data de 1990, pelo que a grande maioria dos lotes está atualmente construída. Face à crise internacional de 2008, toda a construção civil portuguesa estagnou e, consequentemente, várias empresas encerraram, sendo 2011 o ano mais grave. O edifício conheceu o projeto em 2015, tendo sido o primeiro edifício com escala relevante construído pós-crise, assumindo-se como um marco na cidade e uma referência.
O lote é o resultado da união de 4 lotes, uma vez que se pretendia reforçar a ideia de “ícone”, e para isso a escala era importante: ter 1 edifício com a volumetria correspondente a 4, numa das principais avenidas novas de Tavira. O facto de o lote não ter qualquer construção adjacente reforça ainda mais a sua presença, tendo também utilizado o nome do edifício “Imperium” na sua promoção imobiliária. O edifício é constituído por uma única cave, subdividida por 4 blocos habitacionais, num total de 28 apartamentos de tipologias T2 (12), T3 (12) e T4 (4): A grande maioria dos edifícios já construídos referentes ao loteamento apresenta uma elevada densidade construtiva, bem como uma total ausência de ritmo e de características arquitetónicas relevantes. Verifica-se uma grande disparidade entre os materiais utilizados, bem como a utilização de diferentes cores, nomeadamente amarelo, azul, tijolo e cinzento. Verifica-se ainda a utilização de azulejos cerâmicos na fachada com estereotomia ortogonal, bem como a utilização de azulejos cerâmicos com impressão de tijolo. A avenida possui uma largura superior a 40 metros e um declive muito acentuado de Norte para Sul.
A abordagem do projeto arquitetónico do edifício visou a criação de 3 características relevantes: a criação de um edifício icónico; a ausência de cor em resposta aos edifícios que o rodeiam. Um edifício sem cor é, no limite, um “não edifício”; a criação de um ritmo que enfatize o facto de ser apenas 1 edifício e não 4. Existiam condições que naturalmente tornariam o edifício um símbolo: ser o primeiro projeto de escala a ser construído no pós-crise; a união de 4 lotes num único lote que passaria a escala de um mega edifício; a localização: numa das avenidas mais largas da zona nova da cidade; o facto de o edifício não ter qualquer construção vizinha adossada às fachadas laterais (efeito de ilha). A existência de um vasto leque de revestimentos e soluções volumétricas e técnicas que envolvem o edifício, bem como o peso da construção civil no edifício, obrigou a uma reflexão mais profunda sobre a melhor estratégia a implementar, e de que forma o edifício poderia contribuir para a requalificação da paisagem. Foi considerada uma proposta que se assume como a antítese do existente: um edifício sem cor (branco e preto/antracite), com um embasamento em pedra escura (recuperando a memória dos edifícios clássicos), e; 3) as faixas brancas que abraçam o edifício acentuando a sua horizontalidade e o reforço da sua identidade.
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