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EQUIPA

Ricardo Latoeiro, Andreia Caetano, Ana Palmeira, Marco Caldeira, Gonçalo Estrelado

LOCALIZAÇÃO

Cabanas, Tavira

TIPO DE EMPREENDIMENTO

Habitação Coletiva (24 apartamentos)

EXECUÇÃO

Arquitetura, Design Interiores

FASE

Construído

FOTOGRAFIA

NOA, Marcelo Lopes, Gonçalo Moleiro

 

MEMÓRIA DESCRITIVA

Cabanas é uma pequena aldeia piscatória do concelho de Tavira. A história refere a povoação de Cabanas pela primeira vez numa escritura de venda de umas terras no ano de 1747, onde se refere a “praia dos atuns” e as “cabanas da barra”. Até ao século XX, a pesca é a principal atividade económica de Cabanas. Aproveitando a proximidade do Parque Natural da Ria Formosa, Cabanas é hoje utilizada como empreendimento turístico de verão, sendo maioritariamente utilizada como 2ª casa de férias, incluindo alguns operadores turísticos presentes na região.

O lote em causa situa-se num loteamento a cerca de 500 metros da “promenade”. A aprovação do loteamento em causa remonta a 2004, tendo nessa data apenas um edifício construído. Face à crise internacional de 2008, toda a construção civil portuguesa estagnou e, consequentemente, várias empresas encerraram, sendo 2011 o ano mais grave. O projeto em questão teve início em 2015, tendo sido o primeiro edifício a ser construído na zona, assinalando a fase pós-crise.

A abordagem do projeto arquitetónico do edifício visava criar 3 características relevantes: 1) a criação de um edifício icónico; 2) a mutação assumida entre o “cheio” e o “vazio” no que respeita à ocupação; 3) a preservação da memória do material utilizado nas cabanas de apoio piscatório. Existiam condições que naturalmente tornariam o edifício num símbolo: a) ser o primeiro projeto de escala a ser construído no período pós-crise; b) a união de 4 lotes num único lote: um mega edifício; c) a distância visual arquitetónica entre a solução e a sua envolvente;

Divergir o aspeto do edifício consoante a sua ocupação (sazonalidade). O edifício tem uma “pele” de alumínio lacado a madeira, com aberturas em portadas. Quando não está a ser utilizado fecha-se completamente para o exterior (remete mesmo para a imagem do arquétipo da Arca de Noé) enquanto se desfragmenta com a abertura dos vãos quando está a ser ocupado. Note-se que, apesar de não existir um elemento de blackout, o edifício à noite tem vida própria.

Existe uma memória coletiva que retrata a subida das marés para esta zona (a “Gomeira”), onde surgiram as primeiras casas de apoio à atividade piscatória. Foi muito importante invocar esta memória coletiva, com alusões recorrentes a “cabanas de madeira de apoio à pesca” ou eventualmente à memória de um “barco de madeira”

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