Cabanas é uma pequena aldeia piscatória do concelho de Tavira. A história refere a povoação de Cabanas pela primeira vez numa escritura de venda de umas terras no ano de 1747, onde se refere a “praia dos atuns” e as “cabanas da barra”. Até ao século XX, a pesca é a principal atividade económica de Cabanas. Aproveitando a proximidade do Parque Natural da Ria Formosa, Cabanas é hoje utilizada como empreendimento turístico de verão, sendo maioritariamente utilizada como 2ª casa de férias, incluindo alguns operadores turísticos presentes na região.
O lote em causa situa-se num loteamento a cerca de 500 metros da “promenade”. A aprovação do loteamento em causa remonta a 2004, tendo nessa data apenas um edifício construído. Face à crise internacional de 2008, toda a construção civil portuguesa estagnou e, consequentemente, várias empresas encerraram, sendo 2011 o ano mais grave. O projeto em questão teve início em 2015, tendo sido o primeiro edifício a ser construído na zona, assinalando a fase pós-crise.
A abordagem do projeto arquitetónico do edifício visava criar 3 características relevantes: 1) a criação de um edifício icónico; 2) a mutação assumida entre o “cheio” e o “vazio” no que respeita à ocupação; 3) a preservação da memória do material utilizado nas cabanas de apoio piscatório. Existiam condições que naturalmente tornariam o edifício num símbolo: a) ser o primeiro projeto de escala a ser construído no período pós-crise; b) a união de 4 lotes num único lote: um mega edifício; c) a distância visual arquitetónica entre a solução e a sua envolvente;
Divergir o aspeto do edifício consoante a sua ocupação (sazonalidade). O edifício tem uma “pele” de alumínio lacado a madeira, com aberturas em portadas. Quando não está a ser utilizado fecha-se completamente para o exterior (remete mesmo para a imagem do arquétipo da Arca de Noé) enquanto se desfragmenta com a abertura dos vãos quando está a ser ocupado. Note-se que, apesar de não existir um elemento de blackout, o edifício à noite tem vida própria.
Existe uma memória coletiva que retrata a subida das marés para esta zona (a “Gomeira”), onde surgiram as primeiras casas de apoio à atividade piscatória. Foi muito importante invocar esta memória coletiva, com alusões recorrentes a “cabanas de madeira de apoio à pesca” ou eventualmente à memória de um “barco de madeira”
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