POLIS

EQUIPA

Ricardo Latoeiro, Andreia Caetano, Natacha Sabino, Filipe Fernandes

LOCALIZAÇÃO

Olhão

TIPO DE EMPREENDIMENTO

Plano urbano para zona oeste

EXECUÇÃO

Urbanismo, Arquitetura

FASE

Projeto

FOTOGRAFIA

-

 

MEMÓRIA DESCRITIVA

A relação do mar com as pessoas de Olhão possui um carácter não só do ponto de vista sociológico, como do nível intimista em cada um dos habitantes. A prática da pesca ou a extração de sal, continuam a ser atividades muito presentes na memória coletiva dos olhanenses. Olhão agrega ainda às suas características físicas uma grande proximidade com a Ria Formosa, zona protegida ambientalmente, sendo habitat natural de diversas espécies ao nível da Fauna e da Flora.

Face à articulação programática entre a preservação e potencialização das salinas com o novo parque de feiras, o plano proposto assenta num contágio ambiental entre estas duas realidades distintas, possuindo o tema das salinas como forte conceito ideológico. Assim sendo, podemos caracterizar o plano proposto num zonamento de 3 parcelas: o “observatório ecológico”, os “percursos pedonais” e o “parque de feiras”.

O “observatório ecológico” situa-se a sul, na zona ribeirinha, e pretende preservar as estruturas das antigas salinas, transformando-as em zonas ecológicas tratadas com potencial para serem observadas as diversas espécies de Fauna e Flora características da Ria Formosa. De modo a explorar e dinamizar este tipo de lazer, foi estabelecido uma faixa para a implementação de diversas estruturas modulares de caracter efémero. Nestes espaços poderão ser alojados alguns serviços de apoio como restaurantes, bares e comércio tradicional (um pouco à imagem do que acontece na zona dos Edifícios das Praças), com esplanadas que permitam a contemplação da zona das salinas e da própria Ria Formosa. O facto de esta zona possuir uma vista privilegiada para algumas ilhas (nomeadamente para a Ilha do Farol), anexada a algum comércio potencializa e estimula a vivência do próprio espaço. Na prática, o ambiente pretendido poderá facilmente ser comparado à zona Nascente do Parque das Nações em Lisboa, onde algum comércio conseguiu facilmente potencializar os diversos jardins, assim como a contemplação de uma zona ribeirinha de carácter ecológico. A continuação dos percursos pedonais existentes a nascente da zona de intervenção são continuados hierarquicamente para o interior desta zona, possuindo diversas ligações à “zona dos percursos pedonais” que posteriormente se conectam ao “parque de feiras”.

A “zona dos percursos pedonais” caracteriza-se como o polo coordenador entre duas realidades distintas como o “observatório ecológico” e o “parque de feiras”. Nesta zona encontra-se um grande parque de estacionamento que garante a fácil acessibilidade automóvel, servindo ambas as zonas limítrofes. Para potencializar o seu uso, foram estabelecidas duas estratégias: a colocação de um pequeno parque de merendas e a elaboração de diversos percursos pedonais/cicláveis que permitem ao utente diversos circuitos de exploração de todo o terreno, como o observatório ecológico, caminhos arbóreos, salinas ativas, espelho de água, “edifício ícone” e recinto das feiras. Na prática, esta zona incentiva a prática do desporto (nomeadamente caminhadas, cross e a prática da bicicleta) face à diversidade de percursos e alternativas de exploração e contemplação ambiental. Esta zona dos percursos pedonais/cicláveis serve também como meio de anunciação do parque das feiras, pela ausência de vegetação de uma praça urbana, e a visualização de um elemento arquitetónico enigmático de cor branco, que cria a ilusão de se encontrar suspenso na própria praça.

O denominado “parque das feiras” caracteriza-se por ser o palco de futuros eventos de lazer/culturais a elaborar dentro desta enorme praça. Eventos de reconhecimento e tradição em Olhão como o Festival do Marisco ou alguns movimentos do MOJU (Movimento Juvenil de Olhão) poderiam facilmente acontecer neste local.

O facto do espaço não se encontrar fisicamente delimitado (à exceção da zona Norte e Nascente) permite um acesso condicionado ao espaço, servindo assim como uma extensão de alguns percursos pedonais, no entanto o espaço facilmente se adapta às necessidades de um recinto fechado. A delimitação física do espaço é efetuada a Sul pelo “Edifício Ícone” e o respetivo espelho de água, surgindo zona arbórea a Nascente de modo a dissimular o muro de contenção e a poente como limite permeável para as zonas das salinas ativas. A Norte encontra-se localizado o palco exterior de espetáculos, possuindo posteriormente uma zona técnica destinada a serviços de apoio. Esta zona possui características para acolher vários veículos pesados de apoio, garantindo assim todas as condições para uma boa organização dos eventos/espetáculos.

A consulta à população revelou que os impactos psicossociais desta intervenção revelam-se como uma mais valia não só para o concelho como para a melhoria da qualidade de vida da população. Este tipo de solução preconizada permite a melhoria das condições dos eventos sociais, como também da aproximação ecológica do potencial da Ria Formosa, desenvolvendo atividades ligadas a este tipo de exploração de reserva natural.

Face ao programa proposto, o plano articula o elemento “ecológico” ao lazer, preservando, explorando e assim potencializando a zona das salinas como observatório ecológico propicio à preservação de espécies.

Nesta zona ribeirinha, efetua-se a ligação com o existente através do prolongamento do acesso viário do estacionamento existente a nascente (Rua 5 de Outubro), permitindo uma enorme facilidade no estacionamento automóvel nesta zona.

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